Trabalho nas alturas: saiba mais sobre a rotina dos alpinistas industriais

Trabalho nas alturas: saiba mais sobre a rotina dos alpinistas industriais

Você, alguma vez, estava tranquilamente dentro do seu apartamento ou no escritório e, de repente, viu um homem em uma corda passar pela frente de sua janela? Ou, andando pela rua, olhou para o alto e viu alguém fazendo rapel em um edifício alto?

Parece estranho? Pois saiba que esses são os responsáveis por deixar os edifícios da cidade limpinhos, seguros e impecáveis. Eles são os profissionais de acesso por corda, ou mais comumente conhecidos por “alpinistas industriais”.

Profissão ainda pouco conhecida, apenas em 2014 teve a sua primeira Norma Regulamentadora (NR-35) destinada a estabelecer os requisitos mínimos e as medidas de proteção para o trabalho, que consiste na realização de serviços como inspeções, instalações e manutenções por meio de cordas e equipamentos apropriados.

Esse método é muito utilizado na manutenção de edifícios e tem sido cada vez mais a escolha de síndicos não apenas pela eficiência, mas pela segurança.

“Antigamente, os condomínios chamavam um pedreiro que não tinha medo de altura para fazer os serviços. Ainda em muitos locais acontece isso. Mas muita gente não sabe que, se esse empregado cair, os síndicos e os condôminos responderão criminalmente”, alerta Rodrigo Alcantara, fundador da empresa Equilibrium Vertical.

Com oito anos de experiência e há cinco como supervisor Irata (uma das certificadoras da profissão no segmento por cordas), Rodrigo busca agora dar um importante passo, que é fundar um sindicato. Já iniciou o processo, mas sabe que tem um longo caminho pela frente.

Todo serviço feito em alturas acima de 2 metros exige a atuação de especialista

Com um vasto catálogo de serviços prediais, em plataformas offshore, em plantas de energia e telecomunicações e até em instalações voltadas para mídia e entretenimento, ele explica que todo serviço que é feito em alturas acima de 2m exige a atuação de um profissional de acesso por corda.

De qualquer maneira, o supervisor alerta que apenas a contratação desse tipo de profissional não significa necessariamente estar dentro das normas de segurança. Para a realização de qualquer serviço, é necessária a presença de um profissional nível 3, que é o supervisor. É ele que vai avaliar se o local da amarração da corda é adequado, por exemplo. Por isso é importante que os síndicos exijam os certificados de toda a equipe.

Certificação de um profissional de acesso por corda

Para atuar como alpinista industrial é preciso um certificado. No Brasil, são aceitos o Irata (Associação Comercial de Acesso por Cordas Industrial), Abendi (Associação Brasileira de Ensaios Não Destrutivos e Inspeção) e Aneac (Associação Nacional das Empresas de Acesso por Corda). E, para conseguir o certificado, é necessária a realização de um curso de 40 horas que é finalizado com uma prova teórica e outra prática.

Na área existem profissionais de três níveis. Grosso modo, a classificação se dá da seguinte maneira: nível 1, que é como o operário; nível 2, encarregado (são necessárias mil horas de prática na corda e um ano de experiência como nível 1); e nível 3, o supervisor (2,5 mil horas de prática e três anos como nível 2).

Segundo Rodrigo, outra questão importante que deve ser levada em consideração é o estado do material utilizado e sua rastreabilidade: “Na minha empresa, o material é meu. Eu tenho os números de registro e as notas fiscais. Caso aconteça algum acidente, é aberta uma investigação que apura a origem e o estado do material.”

E é justamente esse tipo de cuidado que acaba encarecendo o serviço, o que dificulta a concorrência. “Tem empresa que contrata o funcionário, mas pede que ele leve o próprio material. Mas como saber o estado desse material?”, questiona.

Relação custo/benefício

A concorrência desleal causada pelo investimento em segurança também é uma preocupação do diretor operacional da empresa Oliveira Alpinismo, Rafael Castro. “A falta de informação técnica dos contratantes acaba fazendo com que optem pelo menor valor em detrimento da segurança gerada por profissionais qualificados e qualidade nos serviços prestados”, avalia.

Há quase três anos no mercado, a empresa, que também oferece diversos serviços prediais, industriais e na área de telecom, recebe mais comumente demandas para limpeza de fachadas. Segundo Rafael, o método é o mais eficiente se comparado a outros como balanço, andaime ou jaú: “O alpinismo industrial é o meio de trabalho em altura considerado o mais seguro e com a melhor relação custo/benefício.”

FONTE: https://jmfalpinismo.com.br/2017/11/21/trabalho-nas-alturas-saiba-mais-sobre-a-rotina-dos-alpinistas-industriais/